por Silvia Regina Guimarães
Série avaliada:
NUMA SENTADA – é assim que a gente assiste a apaixonante e surpreendente série Cidade Invisível, criada e dirigida por Carlos Saldanha, disponibilizada em 5/2/2021, em Netflix. Com Marco Pigossi (Eric) e Alessandra Negrini (Inês/?), além de Fábio Lago (Iberê/?), José Dumont (Ciço) e Thaia Perez (Januária) misturados a um elenco de ótimos atores e personagens, a série já tem prometida a segunda temporada, para dar continuidade à percepção de um mundo lendário entrelaçado à uma realidade fria e pouco sensível, na qual todos nós estaríamos vivendo. (Estaríamos?)
Cidade Invisível revela aonde vão parar as entidades do folclore nacional quando a vida se torna tão distante da magia das florestas e das crenças que permitem a fé cega e desmedida em causos “experimentados por alguém, com certeza”.
Com uma narrativa envolvente e bem ritmada, a série faz lembrar de quando éramos crianças e alguém mais velho se dispunha a nos contar histórias de um tempo em que as pessoas e os ambientes naturais estavam mais intimamente relacionados. (Ainda que jamais tenhamos passado por isso.)
Nestes outros tempos, os acontecimentos eram mais experimentais, o sobrenatural se fazia mais presente e as vivências simplesmente aconteciam, para um tempo imensurável depois, poderem ser narradas por algum contador de histórias amador, nos fazendo arrepiar os pelos dos braços e da nuca, com o surpreendente do ocorrido.
A série nos carrega em uma maratona fácil, nos fazendo provar do mesmo interesse infantil por aquilo que pode vir a se revelar entre o lá e o aqui, e nos deixa desejando mais, pela conexão com a brasilidade proposta, sem estereotipias ridicularizantes e com um desejável questionamento sobre os valores de nossa sociedade.
Conclusão com spoiler – Com uma Mãe D’água negra (Jessica Córes), um Saci (Wesley Guimarães) de nome Isac, do hebraico, que significa “sorridente”, e um Curupira sofrido, cadeirante, mas valente como sempre, as coisas do Brasil vão sendo trazidas de maneira interessante e renovada, nos fazendo observar o que é posto na invisibilidade dos cenários nacionais a partir de um recorte do Rio de Janeiro, além de revelar a mítica de um folclore pouco explorado por nós, atualmente, ressurgida para fazer reconhecer que ela ainda tem muito a nos dizer sobre quem somos.
Assista ao trailer e saiba mais: