por Silvia Regina Guimarães
Um ano depois muita coisa mudou. Um ano depois nada mudou. Tudo se renovou dentro, mas parece apenas se deteriorar fora. Como cidade abandonada no tempo, a realidade recrudesceu e piorou o exterior a mim. E se vingou no interior, me fazendo perceber de forma fria aquilo que precisava mudar.
Frio. O isolamento tem algo de um frio pálido e cinza claro, como manhã de inverno em São Paulo. Faz buscar nos ângulos das salas vazias um novo jeito de ver o mesmo para não enlouquecer. Falo só e com as plantas. Ideia boa a da vida que avança de um vaso a outro, crescendo desordenadamente, se estabelecendo sem controle, respeitando a si mesma. E só a si. Nó na garganta sempre ansiosa em temer o melhor que ainda está por vir, em algum momento. Do que se trata? Não se sabe. Apenas deseja-se, secretamente, entre goles de café e temporadas inteiras,
me colocando em contato com ideias que, graças a um produtor distante, me surpreendem por serem mais daquilo que eu nunca imaginei.


